Tecnologia sob Pressão: Nasdaq cai em meio à incerteza com IA
O índice Nasdaq Composite caiu mais de 1% nesta segunda-feira, pressionado por grandes empresas de tecnologia. Os investidores continuam preocupados com a demanda futura por soluções de inteligência artificial, especialmente antes da divulgação dos resultados da Nvidia, gigante do setor de chips.
O S&P 500 encerrou o dia com uma leve queda, marcando seu terceiro declínio consecutivo. Enquanto isso, o Dow Jones conseguiu fechar em leve alta. Para o Nasdaq, esta já foi a terceira queda seguida e a quarta vez em fevereiro que perdeu mais de 1% em um único dia.
Preocupações com a demanda por chips da Nvidia
O mercado aguarda ansiosamente para ver se a Nvidia atenderá às expectativas dos analistas, especialmente diante das rápidas mudanças no setor de IA. Recentemente, participantes do mercado começaram a questionar a sustentabilidade da demanda por chips caros da empresa, um componente essencial no desenvolvimento da inteligência artificial.
O nervosismo foi ampliado pela DeepSeek, empresa chinesa que surpreendeu o mercado em janeiro ao lançar modelos de IA acessíveis. Isso aumentou as preocupações de que os altos investimentos em chips e infraestrutura possam ser injustificados caso alternativas mais baratas se tornem predominantes.
Sinais da Microsoft aumentam pessimismo
O mercado também reagiu a novos dados sobre mudanças estratégicas da Microsoft. A TD Cowen informou em nota na sexta-feira que a empresa cancelou contratos de aluguel de grandes data centers nos EUA, o que pode indicar um possível excesso de infraestrutura de IA, impactando ainda mais as expectativas dos investidores.
Apesar disso, a Microsoft afirmou que seus planos de investir mais de US$ 80 bilhões em IA e computação em nuvem permanecem inalterados, embora reconheça que ajustes estratégicos podem ser feitos em algumas regiões.
Investidores realizam lucros em meio à instabilidade
Segundo Gene Goldman, diretor de investimentos da Cetera Investment Management, os investidores estão buscando motivos para realizar lucros. "Qualquer dúvida em relação à IA é uma razão para sair dos ativos, já que essa tecnologia tem sido o principal motor do crescimento do mercado nos últimos anos", afirmou.
De maneira geral, a situação atual mostra que o mercado está reavaliando as expectativas em relação à IA, e os próximos balanços de gigantes da tecnologia, incluindo a Nvidia, podem ser indicadores cruciais para o futuro dos índices de ações.
Dados econômicos fracos aumentam preocupações
Além das preocupações com tarifas e inflação, os investidores estão cada vez mais apreensivos com o crescimento econômico, especialmente após uma série de dados macroeconômicos decepcionantes divulgados na semana passada e uma projeção fraca da varejista Walmart.
"O mercado está preso entre o medo da inflação e o receio de desaceleração do crescimento econômico", disse Gene Goldman.
Índices apresentam resultados mistos
Os mercados acionários encerraram o pregão com desempenhos variados. O Dow Jones subiu 33,19 pontos (+0,08%), fechando em 43.461,21. Já o S&P 500 caiu 29,88 pontos (-0,50%), para 5.983,25, enquanto o Nasdaq, mais focado em tecnologia, perdeu 237,08 pontos (-1,21%), fechando em 19.286,93.
Tecnologia sofre perdas, setor de saúde avança
Em meio à turbulência do mercado, empresas do setor de saúde se destacaram. O índice S&P 500 Healthcare subiu 0,75%, demonstrando o caráter defensivo desse setor. Enquanto isso, o setor de tecnologia foi um dos mais prejudicados, com seu índice caindo 1,43% no pregão.
A maior pressão no S&P 500 veio das ações da Nvidia, que encerraram o dia com queda de 3,1%. A fabricante de semicondutores Broadcom perdeu 4,9%, enquanto Amazon (-1,8%) e Microsoft (-1%) também recuaram.
A empresa que mais sofreu no setor de tecnologia foi a Palantir Technologies, especializada em soluções de inteligência artificial. Suas ações despencaram 10,5%, marcando a maior queda percentual entre as principais companhias de TI.
Superaquecimento do mercado de IA: Correção ou reversão de tendência?
Para Peter Boockvar, diretor de investimentos da Bleakley Financial Group, a queda do setor de tecnologia sinaliza que o mercado está entrando em uma nova fase. "O domínio indiscutível das empresas de IA está chegando ao fim. Isso não significa que suas ações não sejam mais atraentes, mas o mercado agora entra em uma importante fase de reavaliação", explicou.
A situação atual reforça que os investidores seguem cautelosos, e os próximos relatórios macroeconômicos e balanços corporativos serão decisivos para o futuro dos índices de ações.
Investidores aguardam dados de inflação
Os participantes do mercado estão atentos ao índice de gastos do consumidor, que será divulgado na sexta-feira. Esse indicador, considerado o principal referencial de inflação do Federal Reserve, pode esclarecer as perspectivas para o primeiro ajuste da taxa de juros este ano.
Atualmente, os contratos futuros de taxas de juros indicam que os traders esperam que os juros permaneçam nos níveis atuais pelo menos até junho, segundo dados do FedWatch, da CME Group.
Apple aposta em investimentos nos EUA
Apesar da queda geral do mercado, as ações da Apple subiram 0,7% no pregão. O otimismo dos investidores foi impulsionado pelos planos da empresa de investir US$ 500 bilhões no desenvolvimento de negócios nos EUA nos próximos quatro anos, incluindo a construção de uma fábrica no Texas para a produção de servidores voltados para IA.
Berkshire Hathaway bate recorde, Nike recebe apoio de analistas
Um dos maiores destaques do pregão foi a Berkshire Hathaway, conglomerado de investimentos fundado por Warren Buffett. Suas ações atingiram uma máxima histórica após a divulgação de um lucro anual recorde. Os papéis da Classe B subiram mais de 4%.
As ações da Nike também tiveram um desempenho positivo, avançando 4,9% após o banco Jefferies elevar sua recomendação de "manter" para "comprar". Isso foi um sinal positivo para investidores que apostam na recuperação da marca esportiva.
Mercados europeus entre crescimento do setor de defesa e queda da tecnologia
As bolsas europeias operaram com cautela nesta terça-feira. O índice STOXX 600, que reflete o desempenho das maiores empresas da região, subiu apenas 0,07% às 08h16 GMT.
Enquanto isso, empresas de defesa tiveram um desempenho forte, compensando as perdas no setor de tecnologia. O índice SX8P, que acompanha o setor de tecnologia na Europa, caiu 0,9%, refletindo o aumento das tensões entre EUA e China, o que intensifica temores de uma escalada na guerra tecnológica.
No geral, os mercados seguem em estado de incerteza, aguardando sinais tanto de reguladores quanto das principais empresas do setor corporativo.
Washington endurece controle sobre o setor de tecnologia
Os EUA preparam novas restrições ao setor de semicondutores da China, expandindo as medidas já existentes para conter o avanço tecnológico de Pequim, segundo a Bloomberg. Essa nova rodada de sanções faz parte da estratégia do governo Biden para limitar o acesso chinês a tecnologias avançadas e capacidade de fabricação de microchips.
Ações de fabricantes de chips sob pressão
A notícia impactou negativamente as ações das principais empresas europeias de semicondutores. A STMicroelectronics caiu 1,4%, enquanto a gigante holandesa ASML perdeu 1,6%.
Além disso, empresas que apostam fortemente em IA também foram afetadas. Schneider Electric recuou 1,3%, enquanto Siemens Energy perdeu 2,2%.
Unilever cai após mudança na gestão
A Unilever esteve entre as maiores quedas do mercado, com suas ações recuando 3% após o anúncio de uma reestruturação na liderança. O CEO Hein Schumacher deixará o cargo, e Fernando Fernandez, atual CFO, assumirá a posição. Os investidores reagiram com cautela à mudança, provocando uma onda de vendas.
Empresas de defesa em alta: Alemanha prepara grandes investimentos
Na contramão da tendência geral, empresas europeias de defesa tiveram um forte desempenho. O índice do setor SXPARO subiu mais de 1% após relatos de que o novo chanceler alemão, Friedrich Merz, está discutindo um pacote de até 200 bilhões de euros para gastos militares.
As ações da Rheinmetall subiram 2,6%, as da Hensoldt avançaram 2,5%, enquanto a Renk teve um salto impressionante de 6,1%.
No geral, os mercados seguem reagindo a eventos geopolíticos, fatores macroeconômicos e decisões estratégicas das maiores corporações.
Thyssenkrupp se fortalece em meio a reformas
Outro destaque da sessão foi o grupo industrial Thyssenkrupp. Suas ações dispararam 6% após o presidente da empresa anunciar uma próxima reunião de acionistas, na qual será discutida a separação da divisão de fabricação de navios militares em uma estrutura independente.
De modo geral, os mercados financeiros continuam apresentando dinâmicas variadas, reagindo a eventos geopolíticos, fatores macroeconômicos e decisões corporativas das maiores empresas.